quarta-feira, julho 12, 2006

Air Heckard


This one This one made me angry enough to deem a blog post necessary...

Certain people have no shame. Get this:

His name is Allen Heckard, he is from Portland, Oregon, and apparently, he looks uncannily like Michael Jordan. So far, so good, right? I mean, it can´t be so bad! You might actually make some cash having a God-given "talent" like that! Well, this man has found a way to take his cash cow to a whole new level.

Believe your eyes now: Mr. Heckard is suing Michael Jordan because they look alike. Preposterous, right?! Oh, but it gets better! The amount: $416 million. Four hundred and sixteen million dollars! Laughing yet? Wait, the punchline goes a little further. Apparently, $416 million is pocket change, so... He is suing Phil Knight, founder of sports apparel giant Nike, for the same $416 million! Seems that Allen's "living hell" was worsened by Nike's constant use of Jordan's image over the last 20 years or so. The grand total being demanded for Heckerd's little problem is a staggering $832 million!!

Allen Heckard's claim is that he is fed up with being mistaken for Michael Jordan nearly every day of his life for the past fifteen years. Technically, the claim is "defamation and permanent injury and emotional pain and suffering".

"I'm constantly being accused of looking like Michael and it makes it very uncomfortable for me." said Heckard.

He let out a few more memorable quotes after that one, but none that come close to this little pearl:

"Even when I go to the gym I'm being accused of playing ball like him (Jordan)" [sic]

This guy clearly needs to be slapped around a bit to get some sense knocked into him, wouldn't you agree? I imagine that MJ is having himself a good laugh right about now. But I think that Mike is nice (and sane, and rich) enough not to countersue.

But seriously, it has become evident that urgent action must be taken by american lawmakers in order to put a halt to such frivolousness and absurdity. It appears that a culture of lawsuits is thriving in the United States. Nobody wants to take responsibility for their actions or, in the case of Heckard vs. Jordan, people want to blame others for things which are obviously out of their control.

In the end, it becomes very clear that the real motivation behind such sheer stupidity is this: Everything ultimately comes down to easy money.


PS- The guy dribbling the ball in the picture above... That must be Air Heckard, right?

domingo, maio 21, 2006

Presidents and Clowns


Isn´t it funny? I have spent the better part of the decade crucifying the man I consider responsible for the chaos in international politics in the beginning of the 21st century. George W. Bush seems to think that showing his virility by means of all out invasions and hostile politics are the way to go. It almost happened with North Korea, it happened with Iraq, it´s almost happening with Iran.

Well, my american friends... Don´t feel too bad. Here we have the exact opposite! Our illustrious president, Luiz Inácio Lula da Silva, affectionately known as Lula, has been showing a predilection for getting *CENSORED* (let´s just say that it has to do with invading a certain body-cavity), enjoying it and then paying for it!! Let me explain:

Brazil has heavy investments in the production and extraction of natural gas in Bolivia by means of energy-giant Petrobras. Or should I say had, thanks to the newly elected president of Bolivia, a man named Evo Morales, a populist of native Incan background, a man of little education, full of empty promises and bravados, and more importantly, a pawn of Hugo Chavez, whom we all know very well.

A few weeks ago, Mr. Morales decided that he would nationalize Bolivia's natural gas resources. And apparently, he felt that he needed to do so by flexing his (little) military muscles against Petrobras - and consequently, Brazil - on Bolivian territory, by invading and taking over brazilian owned and operated natural gas industries, and then expelling its officials. Mind you, these are industries that are operated legally and in accordance to all political and financial treaties between the two countries by Petrobras. In other words, Morales trampled over everything from industrial contracts to private property. He then proceeded to exorbitantly raise the prices of natural gas. And if that wasn´t enough, he now declares Brazil as being a usurper, a pillager, a danger, etc, etc... Needless to say, Morales' proud grin after "beating down the south american giant" in a David and Goliath-like fashion had behind it the sly smirk of Mr. Chavez.

Lula´s reaction on behalf of Petrobras and Brazil?

A formal protest in international courts! Nope...
A demand of payment for losses in private property! Nah...
A demand for the compliance in terms of contracts! Not that either...
The slighest threat, militarily speaking! Not a chance...
The demand for a simple apology! C'mon, AN APOLOGY!! Not even...

Oh, but he DID react! And here is how:

Even though Brazil has already found other sources and means to maintain the steady supply of natural gas it needs, Lula has stated that the country will continue to purchase natural gas from Bolivia, at new and abusive prices, to help its "poor people".

Somebody pinch me.

Mr. Lula sends the following message to brazilians and to the rest of the world:

Humiliation, theft, ridicule, disrespect and the many other implications of actions such as the ones undertaken by Bolivia will be pacifically accepted with a smile and a reward in cash!

I wonder if Lula asked for a lubricant...

terça-feira, maio 09, 2006

Arnaldo Jabour e o Moleque

Essa era boa demais para deixar passar... Só podia ser o Jabour mesmo! Divirtam-se!


Amigos ouvintes, hoje não vou falar com vocês, não.

Eu vou falar com um garotinho, lá do Rio de Janeiro, que fica fazendo malcriação, e não quer comer.
Olha aqui, garotinho, você é um menino muito manhoso! Come. Toma aqui, garotinho, toma uma colherzinha de mingau. Não quer? Ah... quer tutu né? Tutu você gosta, né? Mas não pode. Principalmente o tutu do povo.
Meu filho, come. Você assim vai ficar magrinho. Come, bolinha.
Engraçado!
Você manda sua Rosinha entregar R$ 330.000.000,00, ou seja, U$ 160.000.000,00. Você manda sua Rosinha entregar esses 160 milhões de dólares sem licitação, sem contratos, sem nada, a meia dúzia de ONGs corruptas que não existem, sem endereço, tudo laranja e quando descobrem sua travessura você fica magoadinho e resolve não comer.
Ah, garotinho, para com isso, come. Em vez de ficar fazendo manha, manda devolver os 160 milhões de doláres do povo, que foram entregues a ladrões, que depois iam financiar sua campanha, hein... e outras mumunhas que todos sabemos, não é?
Devolve o dinheiro, garotinho! Não adianta devolver os 600 mil reais que você já recebeu por conta, nem negar o aviãozinho a jato do traficante que você alugou. Não adianta. Tem que devolver os 160 milhões de dólares.
Essa grana dava pra fazer uns 15 bons hospitais no Rio. Essa grana é 20 vezes mais do que a Rosinha investiu em equipamentos pra saúde. Anda, garotinho, come! Essa manha não adianta!
Você pensa que os moços do PMDB vão querer você depois dessa malcriação? Os moços brigam com você!
Ah, já sei! Já sei que você quer ficar magrinho, sem bochechinha, não é? E ainda por cima, bancar a vítima política! Oh, meu filho, pensa que o povo é bobo? Come, garotinho, e manda sua senhora devolver um dos maiores desvios de verba da história brasileira (160 milhões de dólares)! Vamos logo! Não adianta fazer manha, não!

Come e devolve o dinheiro, Garotinho.

domingo, maio 07, 2006

Raízes Em Vermelho e Preto (Parte 2)


HIBERNAÇÃO -

A semente Rubro-Negra germinou e dava indícios de florescer quando foi decretada, em duas etapas, sua hibernação.

A primeira aos 7 anos, fui de mala e cuia com meu pai e minha mãe para São Paulo, aprendi a falar "meu", comer bolachas e cheguei até mesmo a flertar com a adoção de uma nova esquadra - digamos assim, uma dupla nacionalidade, já que "uma vez Flamengo...". Sob a influência de um primo e alguns bons amigos, tornei-me sucetível ao talento e às cores do São Paulo Futebol Clube (mais uma vez os belos e contagiantes vermelho e preto, mas com um branco invasor), equipe pela qual até hoje tenho respeito e um certo carinho. Inclusive existe até hoje, em algum obscuro álbum de fotografias, uma foto minha da época trajando a camisa do tricolor paulista. Mas a sorte interveio e minha possível "São Paulice" findou-se antes mesmo de começar.

Na verdade, esta tal sorte interveio não somente em termos do clube, mas do esporte por inteiro. O ano era 1986 e lá ia eu de mala e cuia novamente. Destino: A terra do Tio Sam, do beisebol, do Mickey. A hibernação se instalava em definitivo agora.

Mais uma vez me inseri na cultura, me deixei influenciar pelas paixões dos outros e acabei por tornar-me um mini-gringo fluente em inglês e torcedor ávido das equipes de beisebol, basquete, futebol americano e hóquei no gelo da cidade de Chicago, nos EUA (times que ainda acompanho e por quem continuo torcendo, mesmo daqui de terras tupiniquins). Entre 1986 e 1991 fiquei ilhado, sem contato com minhas raízes, sem a mínima noção do que se passava com "O Mais Querido". Não havia internet nem cobertura jornalística que me permitisse acompanhar o tetracampeonato brasileiro em 1987 e outras glórias do Mengão durante esses 5 anos.

Curiosamente, chego agora a uma feliz coincidência:

Se o vermelho e preto que amava no Brasil não mostrava as caras a mim, o outro vermelho e preto pelo qual me apaixonei me enchia de títulos e orgulho nos EUA. O Chicago Bulls de Michael Jordan, Scottie Pippen e outros jogadores fenomenais papava 6 campeonatos nacionais em 8 anos. E eu sou dos poucos que pode dizer de peito aberto que não fui um daqueles que pegou o bonde andando! Meu amor pelo Chicago Bulls começou ainda em 1987, quando o time amargava as últimas colocações da NBA. Sofri 4 anos nas mãos do arqui-rival Detroit Pistons até que a dinastia de Jordan tomasse as rédeas do esporte e eu pudesse berrar "É CAMPEÃO!" em duas parcelas de três! Já viu, né? Vermelho e preto é vitória e amor que transcede esportes e culturas (reconheço, isso é frase de Rubro-Negro roxo e chato!).

Eis que aos 16 anos, finalmente ressurgia o broto, finalmente renascia o autêntico Rubro-Negro, finalmente a pele era envolvida pela segunda pele que é o Manto Sagrado.

Nas minhas férias de verão de 1992, mais uma que passava aqui no Brasil com a família, tive meu primeiro gostinho de Maracanã. E que gostinho... O prato de entrada foi o Santos, com um 3 x 1 em que um dos gols do Flamengo foi marcado contra por um Santista chamado Bernardo. O prato principal foi o Botafogo, primeiro jogo da finalíssima do Campeonato Brasileiro de 1992, uma sapecada belíssima de 3 x 0, mais de 100.000 pessoas no estádio (que aperto!), uma atuação fabulosa do Mengão com direito a assistir ao Mestre Júnior deixando Renato Gaúcho sentado seguidamente com dois dribles humilhantes! E finalmente, a sobremesa, dessa vez longe do Maraca: ver meu Mengão se tornar o único pentacampeão brasileiro!

Ao voltar para os EUA depois das férias, voltei à mesma condição anterior: Como se fosse um balde de água fria (leia-se: re-inserção na cultura americana), mais uma vez eu sabia apenas o que meus primos Rubro-Negros me contavam. Inclusive um ataque que chegou de carruagem e saiu de carroça (Romário, Sávio e Edmundo) e uma tal de uma "barrigada" em 1995... Eu, como Flamenguista, não vi nada disso! Mais uma vez: Sorte minha!

A semente esperaria mais um pouco. A partir de 1998, ela cresceria forte, intensa e, finalmente, fixa em solo brasileiro.

quarta-feira, maio 03, 2006

Raízes Em Vermelho e Preto (Parte 1)


AS ORIGENS -

Meu pai jamais teve o direito de escolher seu time, pois meu avô, maluco, não admitia que alguém na família fosse outra coisa que não fosse America. Seu vício pelo "Sangue" carioca era tanto que dois casos contados por meu pai até hoje perduram em minha memória:

1) O América consagra-se campeão de algum torneio (meu pai não soube dizer qual) e meu avô, numa violenta crise de felicidade, invade o campo e agarra o goleiro com um abraço que levou ambos ao chão.

2) Minha tia, com meros três meses de vida, ganha um tour completo da sede do America Football Club nos braços de meu avô, sócio do clube. Detalhe: Com direito a apresentações de todos os funcionários da época e explicação minuciosa das dependências do clube.

Entendeu a neurose? Pois é, meu pai a sentiu na pele. Ele, que cresceu na época do Glorioso Botafogo de Garrincha e cia, foi impedido de tornar-se Botafoguense por meu avô ensandecido.

O lado de minha mãe é composto por um timido bando de tricolores, todos donos de uma paixão tépida, se é que isso venha a se chamar de paixão; digamos que é inversamente proporcional à loucura de meu avô paterno. Nunca alguém desse lado da família demonstrou qualquer indício de amor ao Fluminense e jamais alguém manifestou o desejo de me influenciar. Sorte minha...

Vascaínos, graças a Deus Pai Todo Poderoso, não conheci em minha família. Existe aqui e ali um "agregado" que, se pisar fora da linha, será sumariamente escorraçado. Vasco, NÃO.

Sendo assim, até hoje não sei bem a quem devo agradecer. Quis o mesmo ser supremo que acabo de mencionar que eu me tornasse um inveterado Rubro-Negro, daquele tipo que sofre físicamente durante jogos decisivos. No Maracanã, metade do espetáculo é no campo, metade é meu, nas arquibancadas (um dia, por sinal, hei de contar minhas poucas mas hilárias histórias de Maracanã nessas páginas). Final de campeonato então, é coisa séria! Suo frio, as pernas tremem, as unhas encolhem e a garganta ferve.

Algum filtro foi forte em minha infância. Sim, digo "filtro" porque aos 4 anos, dizia que era Flamengo, Vasco, Fluminense, Bangú, América, Botafogo, etc, etc... Tudo junto. Possivelmente, sei exatamente que filtro foi esse: Foi o Flamengo da década de 80, que varreu o planeta com um futebol avassalador, sob a batuta de Júnior, Adílio, Andrade, Mozer, Leandro e família. Ah, tinha também um tal de Zico no time. Gooooooooooool... Zico, Zicão, Zicaço!!!! Ou seja, foi mesmo uma lavagem cerebral. O menino aqui não teve opção que não fosse torcer para aquele time que conquistava o Rio, depois o Brasil, depois a América e finalmente o mundo. E assim, a nação cresceu em "n" milhões + 1.

terça-feira, maio 02, 2006

Pó Estelar


Sentei na minha cadeira de praia, que levei para a fazenda no campo, e reclinei o encosto até seu ponto mais horizontal. O iPod, programado em shuffle, dava a largada com Jim Morrison, do The Doors, cantando a fantástica "Waiting For The Sun", embora isso fosse precisamente a última coisa que eu desejava naquele momento. Isto porque, diante dos meus olhos e suas pupilas inteiramente dilatadas, apresentava-se em meio ao breu da noite um céu absurdamente lindo, um cobertor de cor negra pontilhado por o que mais pareciam ser diamantes azuis, brancos, amarelos e laranjas.

Estendia-se diante de mim um quadro de uma beleza intraduzível, de uma magnitude indefinível, de um valor incalculável - um banquete para a imaginação, um carrossel de estrelas.

Ah, mas essa beleza, que volta e meia se torna quase sufocante para mim, não basta.

Me orgulho muito em ser um dos poucos a tentar compreender as implicações da simples existência delas. A imensidão que me separa delas poderia muito bem me desestimular. Muitos diriam que há uma certa inutilidade em destrinchar as entranhas de algo tão distante, tão fora de alcance, tão insignificante para os residentes desta pequena bolinha azul. É mesmo???

Carl Sagan, um dos meus ídolos, diga-se de passagem, colocou essa questão na devida perspectiva para mim quando escreveu "Cosmos": As estrelas, os planetas, todos os corpos celestes são compostos pelos elementos químicos imutáveis já conhecidos pelo homem - carbono, hidrogênio, oxigênio, hélio, etc... Se as células de nossos organismos são também compostas por estes elementos químicos, e se nossa existência, a vida, é o fruto da interação destes elementos, então meus caros amigos, revela-se que somos feitos de pó estelar. Literalmente.

Imagine só! Existe a sólida possibilidade de que um, muitos, todos os átomos de seu corpo tenham um dia sido combustível de uma estrela já morta; uma estrela igual a qualquer uma que vemos noite após noite.

E agora, mudou a perspectiva?

Digamos então que não nos preocuparemos com questões existenciais. Vamos brincar um pouco com a imaginação. Vamos entortar a capacidade da mente humana em entender números astronômicos (sim, piadinha intencional).

Quer ter uma idéia do tamanho de uma estrela? Bom, porque não começarmos aqui na nossa vizinhança?

O sol, esta bola de fogo gigantesca que nos ilumina, nos aquece e nos dá a vida, é uma estrela que, com seu diâmetro de 1,4 milhões de kilômetros, é considerada como sendo de tamanho médio. Sim, médio! Não acredita? E se eu te dissesse que a há uma estrela chamada Epsilon Aurigae que é apenas 1.278 vezes maior que o sol? Não visualizou, correto? Então tente digerir esta informação da seguinte forma: Se colocada no lugar do nosso sol, a superfície de Epsilon Aurigae estaria situada além da órbita de (pasmen!) SATURNO! Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno seriam engolidos!

Tamanho não te impressiona? Talvez então distância...

Quer ter uma idéia do quão longe fica um quasar? Ah, antes que me esqueça, quasares são os núcleos ativos de galáxias contendo buracos negros super massivos (algo não muito diferente da foto acima) e são os objetos mais distantes da Terra. Pois bem, recentemente descobriram um desses troços a 13 bilhões de anos-luz da Terra! Ok, talvez isso mereça também uma explicação: 1 ano luz equivale à distância percorrida pela luz em um ano - ou seja, a 300.000 km por segundo, isso significa (prepare-se) 9.460.536.207.068 trilhões de quilômetros!! Agora multiplique:

9.460.536.207.068 x 13.000.000.000.000 =

Captou? Sentiu o drama? Assimilou o tamanho do número depois do "="? Pois é, nem eu. Ah, mas antes de te deixar salivando com este pequeno fato, deixe-me adicionar mais um: O tal quasar é um tanto quanto brilhante também. 10 trilhões de vezes mais brilhante que o sol, pra ser exato...

Acho que deu pra perceber minha empolgação com este assunto, não? Pois então acredite: A cada vez que me deito sob um céu estrelado como este que descrevi acima, essas são algumas das coisas que me passam pela cabeça. Não, não sou louco. Apenas sei que o mero fato de possuir a capacidade de apreciar algo tão colossal e ao mesmo tempo tão belo é o que há de mais emocionante na vida.

E diante de tanta beleza, diante de tanta grandeza, só posso mesmo concordar com Carl Sagan em sua genialidade:

Sou pó. Sou pó estelar.

quarta-feira, abril 26, 2006

Máquina do Tempo


Me pediram uma tradução do texto anterior e resolvi aceitar o desafio. Peço desculpas se o texto perder um pouco de conteúdo - acredito ter um tanto mais de habilidade em inglês do que em português. Em todo caso, lá vai!


Um retângulo preto e brilhante, alguns botões, uma corda, auriculares e alguns ingredientes como melodia, harmonia e ritmo... Esta é a receita, meu amigo. Tens nas mãos uma poderosa máquina do tempo.

Ah, mas não tem que ser, necessariamente, um iPod. Pode ser uma "prehistórica" vitrola ou um discman. Pode ser até mesmo seus lábios fazendo "biquinho" com ar passando por através deles!

A música é minha máquina do tempo. Em questão de algumas horas e com o auxílio de meu novo iPod, eu fiz uma visita aos meus quatro anos de high school nos EUA, voltei à faculdade, a 1983, à semana passada, até antes de meu próprio nascimento, até o século 18! E isso é só a ponta do iceberg.

Melhor do que isso, acabo de reviver sensações dignas da mais intensa nostalgia, felicidade, tristeza - o que você imaginar, eu estou sentindo (a cada quatro minutos, mais ou menos).

Ingenuidade, inocência, descoberta, ganhos e perdas, orgulho e vergonha, um beijo dado e um beijo roubado, união e separação, a nebulosidade e clareza da mente, caminhos percorridos em kilômetros ou milímetros, gargalhadas trovejantes e tristezas de esmagar o peito, infância perdida e o tropeço na condição de homem, extrema confiança ou incerteza...

Em carros, aviões, ônibus, trens, navios. No Rio de Janeiro, em Connecticut, na Espanha, na California, em Buenos Aires, em Manhattan, num canal em Veneza ou em algum lugar bem alto, acima do Oceano Atlântico. No chuveiro, na praia, andando pela rua, na academia, sentado na grama num dia claro e frio da primavera Nova Iorquina, fumando um cigarro, transando, em frente ao computador - uma lista impressionante e interminável!

Eu voltei a distância e a profundidade de meu primeiro amor, já examinei uma noite inteira dos tempos em que desconhecia as virtudes do desconhecimento, consegui acessar os dias indescritíveis após a morte de meu pai, voltei aos momentos em que estive num palco, cantando com amigos da high school e da faculdade e.... agora.

A música sempre esteve comigo, em mente, corpo e alma. Ela tem sido poderosa e, ao mesmo tempo, delicada o suficiente em permitir-me a abertura de meus olhos no reconhecimento do que é essencial à vida:

Quem sou
Quem fui
Onde estive
Com quem estive
Onde cheguei
E possivelmente até mesmo onde vou.

Time Machine


I got up from bed, fighting off the flu and all, to write this one.

A shiny, black rectangle, a few buttons, a cord, headphones, a few ingredients such as melody, harmony and rhythm... There is the recipe, my friend. You have in your hands a mighty time machine.

Oh, but there's no reason why it should be an iPod necessarily. It could be a "prehistoric" turntable or discman. Hell, it could be your puckered-up lips and air going through them!

Music is my time machine. I have, in a matter of a couple of hours and with the aid of my new iPod, revisited various moments in each year of high school, gone back to college, back to 1983, back to last week, back to way before my birth, back to the 18th century! And that´s just the tip of the iceberg.

But better than that, I've just relived sensations worthy of intense nostalgia, happiness, sadness - you name it, I'm feeling it (every four minutes, give or take a few).

Ingenuity, innocence, discovery, triumphs and losses, pride and shame, a kiss taken or given, union and separation, a mind clouded or crystal clear, paths treaded in kilometers and millimeters, thundering laughter or chest-crushing sorrow, childhood lost and manhood stumbled upon, extreme confidence or uncertainty....

In cars, planes, buses, trains, ships. In Rio de Janeiro, Connecticut, Spain, California, Buenos Aires, Manhattan, a canal in Venice or somewhere way above the Atlantic Ocean. In the shower, at the beach, walking down the street, at the gym, on the grass on a brisk New York spring day, smoking a cigarette, while having sex, in front of the computer - an interminable, mind-boggling list!

I've gone as far back and as down deep as my first love, I've retraced an entire evening from back when I had no idea that ignorance was bliss, I've managed to tap into the indescribable days after my father's death, I've touched upon moments on a stage, singing with good friends from high school and college, and... Now.

Music has always been with me, in mind, body and soul. It has been powerful enough and sufficiently delicate in helping me open my eyes to what is of the essence in life:

Who I am
Who I was
Where I've been
With whom I've been
What I've accomplished
And maybe even where I'm going.

domingo, abril 23, 2006

30

Após longo e tenebroso inverno, volto a escrever. Na verdade, não teve nada de longo e tenebroso - pelo contrário, tive tanta coisa acontecendo nessas ultimas duas semanas que me faltou tempo e energia para dar continuidade à minha imitação semanal de escritor.

Bem, então vamos ao que interessa...


Foram quatorze dias em que aconteceu o que há de mais cômico, mais triste, mais emocionante, mais desesperador, mais divertido, mais irritante, mais prazeroso, mais gratificante e mais feliz, dando maior ênfase a este último. Os vinte saíram e os trinta entraram de maneira apoteótica.

Eu enfrentei, sim, uma leve crise por estar "trocando de pele", mas ao contrário do que todos acreditaram, não foi porque me sentia velho. Nada disso...

Me sinto como se estivesse em pé numa plataforma de uma estação de trem, olhando fixamente para frente, e um trem de alta velocidade passa diante de mim deixando um rastro, um vulto multicolorido e barulhento, rostos nos vagões se misturando ao passarem, chão tremendo, ar se deslocando com um trovejar no peito. Está tudo passando rápido demais!

É um tanto quanto assustador, mas é fascinante, sabia? Só de pensar quantos vagões já passaram...

Aos que têm vinte-e-algo, muitíssimo obrigado pela companhia da última década.
Aos que têm trinta-e-algo, será um prazer compartilhar a próxima com vocês.

sexta-feira, abril 07, 2006

A Luz No Fim Do Túnel

Senhoras e senhores, há esperança. Pode ser apenas um espasmo, um soluço cósmico, mas existe sim uma luz no fim do túnel para a música.

Em Outubro de 2005, escrevi sobre a mediocridade que impera sobre melodias e harmonias brasileiras e mundiais. Era uma horrorosa cacofonia de barulhos metálicos e disfunções vocais. Pusesse um video clip atrás da "música" e voilá, um filme de terror instantâneo!

Hoje meu mundo tomou um tranco, um grato tranco! O grupo Los Hermanos entrou em minha vida. Comprei hoje à tarde seu mais novo álbum, "4", e passei duas horas estudando, destrinchando e garimpando. Tenho boas notícias:

Olhando pela fechadura, meio que despretensiosamente, como se fosse um segredo a ser descoberto por quem ousasse se interessar, tive a bela supresa de encontrar a melancolia cantada com um sorriso na cara. A impressão que deu foi que Los Hermanos cantam sobre uma vida que se apresenta em tristezas e tribulações, mas que ainda assim, vale a pena cantá-la, e mais ainda, vale a pena fazê-lo com um (me perdoem, mas a perfeição do termo me impele) foda-se calculado.

Quer saber? Foi um gigantesco alívio! Hoje em dia, cantores nada fazem além de gemer ou gritar. Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, que alternam nos vocais do grupo, falam e dó, ré, mi, fá, sol, lá, sí e dó (e suas variações intermediárias, é claro). Hoje em dia, músicos se limitam a três notas para acompanhar seus grunhidos e berros. Em contrapartida, a complexidade dos arranjos, a beleza das harmonias, as fascinantes dissonâncias e alterações em tempo fazem do Los Hermanos um delicioso passeio pelas possibilidades e oportunidades que o talento musical proporcionam.

Ótimo, hein? Já falei de técnica e poesia, tentei minha eloquência, mas faltou a definição de mesa de bar. Quem são Los Hermanos?

Faltam meses e meses até que os conheça de verdade e possa ter algo definitivo a afirmar sobre Los Hermanos, mas já que me propus a brincar de crítico musical logo de cara, que tal essa:

A MPB e a Bossanova encontram o Radiohead.

segunda-feira, abril 03, 2006

Bathroom Wall

I could not help but "copy and paste" this text from Laila´s The Pawnshop. It was just too good to let it pass by... So Laila, if you don´t mind, these words that you found which you made your own, I'm making mine.


This was found on a bathroom wall somewhere in the U.S.A....

"You've taken over my mind. You've raped my thoughts with your image viruses then sold me fake cures for your own disease. Your words and pictures scream orders at me like angry prison wardens. When I cover my ears, your voices echo in my head. I hate you. When I see your billboards, your talk shows, your rock concerts and your factories, when I see the work of your twisted libidos, I want to kill you. I want to set fires, plant bombs, derail trains. I want to smash your buildings and tear at your bodies until the skin of my hands is worn to the bone. I am filled with a rage that burns my eyes.

I don't want to feel this way. You have done this to me. These feelings are the fruits of your multi-billion dollar sowing. And I am not alone. There are others like me out here. Every suicide, every madman, every man and woman who gets a gun and just starts shooting -- these are your illegitimate children. They don't all know what they are doing. All they know is hate for the invisible walls which you have raised around them, hate for the narrow path you have tried to make them walk. And the innocent pay in blood for your negligence.

Remember this: My mind is big. The more you try to push me down and make me small, the greater the pressure inside me becomes. The greater the pressure, the greater the chance of an explosion. There was once a time when I felt love, but now I feel only hate and anger, and fear at what I might do. And you can tell me to "BE HAPPY," but I know that you really mean "BE QUIET".

Believe me, I want to be happy. You stand in my way."

sábado, abril 01, 2006

sexta-feira, março 31, 2006

The Professor


- How fast are you really?
- Got a coin? A quarter or something? Hold it up against the wall for me.

Neil picks up his drum sticks and places the tips on the inch-wide face of the coin, just about on top of George Washington´s left cheek. What the reporter sees next - or should I say, fails to see - is a blur. With outrageously quick and surrealistically precise hands, Neil Peart drum rolls the coin against the white wall, and it does not fall. His speed is such that the coin behaves as if glued to the vertical surface, defying gravity itself.

That is the legend of Neil Peart, drummer for canadian trio "Rush". Whether it´s true or not, I have yet to confirm. But I wouldn´t doubt it.

I am sitting here watching and listening to the DVD "Rush in Rio" and, were it not for the drool on my chest, I would not have noticed my wide open mouth. Homer Simpson drools to donuts, I drool to Neil Peart´s drums.

If you have never heard Rush, I can understand. They have the reputation for playing rather "heavily", to put it lightly. It is not music for all ears. But hey, no rock group lives as long as Rush has (31 years since Neil Peart joined the band) and becomes so successful across the planet by just making large quantities of head-splitting noise. Geddy Lee (vocals, bass, synthesizer), Alex Lifeson (guitars) and Peart are all virtuosos, and their music sounds accordingly. With regards to Neil specifically, what I can tell you, first of all, is that his speed is downright scary - and this includes the speed of his hands as well as how agile he is in moving from one drum to another. Secondly, the guy seems to have four brains, one for each limb! His left leg might be doing something different from his right, which in turn is doing nothing related to his left hand, which is completely off synchronization with his right hand - and he somehow makes it all come together perfectly. And finally, his creativity and his capacity to vary between measures of a single song are just phenomenal. So... If in fact you have never heard Rush, if you have never been hypnotized by Neil Peart´s transcendental drumming, my deepest condolences. Let me be the one to tell how things work here:

You may be imagining some long-haired, shirtless, tongue-waiving, face-distorting, leather-wearing, substance-abusing skin and bones of a drummer... Well, it simply is not the case. First of all, the man is now 53 years old. Fifty-three. He wears a regular t-shirt and his already traditional african-style percussionist cap on his head to cover his balding head. And when it comes to his face, that is what impresses me the most. He´s not making ridiculous faces, he´s not sticking out his tongue, he´s not flailing a mane of hair around. He is dead serious and completely concentrated on the colossal quantity of percussion instruments which surround him in 360 degrees. Quite simply, the man means business.

As I write, I watch his almost 10-minute solo. What am I doing? Besides "air drumming" all over the place (until some 3 minutes ago, I thought I could play drums), I'm cracking up in laughter. Yes, laughter! I find it comical that somebody could become so supernaturally good!

So go ahead and ask me. "Is Neil Peart the greatest rock drummer ever?"

Let me put it this way: It´s God in heaven and Neil on the drumset.

terça-feira, março 28, 2006

Copas De Uma Infância


120 milhões em ação, pra frente Brasil do meu coração!
Todos juntos, vamos, pra frente Brasil, salve a seleção!

Pois é... Eu berrava isso como se fosse questão de vida ou morte, como se realmente a existência de minha pátria dependesse da voz de cada cidadão, da união de todos para apoiar aqueles guerreiros que defendiam, com bola, chuteira e uniforme, a honra nacional em canchas européias. Era algo maior que tudo, que todos. Era vital e era lindo.

Eu me lembro, junho de 1982, posando para fotos tiradas por meu pai, com a camisa canarinho da seleção brasileira - aquela que ainda tinha a Taça Jules Rimet no escudo em vez do tradicional "CBF" dentro da cruz - e o peito explodindo de orgulho por ter na pele a mesma camisa que usavam Zico, Sócrates, Falcão, Júnior, Mozer, Leandro, Toninho Cerezzo e outros craques. Naquele mês daquele ano, eram motivo de honra as decorações de rua, aquelas bandeirinhas e fitinhas verdes e amarelas atravessando os asfalto a uns quatro metros de altura. O Village, em São Conrado, onde eu morava na época, entrava de corpo e alma no espírito da Copa do Mundo da Espanha de 1982 com pinturas nas calçadas, cornetas ensurdecedoras e bandeiras brasileiras pendentes das janelas.

Eu me lembro da virada de 2 x 1 em cima da velha União Soviética (aquelas camisas rubras com o imponente, quase assustador, CCCP em branco são inesquecíveis!), do baile de 4 x 1 sobre a Nova Zelândia, com direito a golaço de Zico e dos 3 x 1 sapecados na Argentina de Maradona. E me lembro, ainda como se fosse ontem, o dia 5 de Julho de 1982, indo de São Conrado à casa de minha avó em Copacabana e escutando no rádio o nome de Paolo Rossi sendo gritado pela terceira vez - até então, Brasil e Itália empatavam em 2 x 2. Não me pergunte a razão de minha mãe me arrancar de casa em plenas quartas-de-final de Copa do Mundo! Só sei que cheguei lá para assistir os últimos seis ou sete minutos de jogo e simplesmente não entender o placar final. Que sofrimento para um moleque de seis anos...

Em 1986, já com dez, as memórias são ainda mais vivas. O golaço de Josimar (quem se lembra?) contra a Irlanda do Norte, a goleada de 4 x 1 sobre a Polônia e aquele jogo maldito contra a maldita França do maldito Michel Platini. Até aquele dia, a São Paulo que minha família havia adotado como lar se comportava como o Village no Rio, decorações, bandeiras, fogos, cornetas, orgulho. E então veio aquela cruelíssima disputa de penaltis vencida pela França, com bola batendo na trave, na cabeça do goleiro Carlos e entrando no gol. Para um moleque de dez anos, dessa vez a paixão pela seleção canarinho se esmoreceu em sofrimento acompanhado de compreensão. Também não foi fácil.

Passou-se o tempo.

De 1990 pra cá, entre um ou outro fiasco e o pentacampeonato mundial, os anos de 1994 e 2002 me deixaram embriagado e sem voz, orgulhoso ao voltar com mais uma estrela para minha casa nos EUA em 1994 (não que aquele bando de gringos soubesse a significado de um título mundial de futebol, seja este conquistado na terra de Tio Sam ou não), feliz ao desfazer aquela péssima impressão contra a fatídica França em 1998 e em destravar o grito de "É PENTA!" que engasgara quatro anos antes. Aquele menino que sonhou e chorou a década de 80 de sua seleção nacional (ah meu amigo, pelo menos meu Mengão me encheu de glórias!) tinha tudo para transbordar de alegria com as duas vezes em que a taça de campeão mundial foi erguida por mãos tupiniquins.

Mas quer saber? Não foi assim. A catarse não veio como esperada. A magia das Copas do Mundo se foi. O jogo já não era mais o mesmo. Aliás, há muito o jogo não é mais jogo, é negócio. Os 120 agora são 180 e os seis e os dez agora são quase trinta. Mesmo que o país ainda se pinte de verde e amarelo, mesmo que explodam gritos e fogos com os gols de Ronaldo e cia, mesmo com passeatas e trios-elétricos em comemoração, mesmo com minha própria alegria diante de um possível hexacampeonato, a sensação é que extinguiu-se o ritual, desfez-se a obrigação patriota, morreu a "brincadeira". Eu cresci e o futebol também.

O que me resta? Me resta torcer para que um dia eu possa ter um filho. Me resta torcer para que ele possa ser apaixonado como eu fui. Me resta torcer para que ele tenha a sorte de comemorar o título mundial que faltou à minha infância. Me resta torcer... como torci quando criança.

sábado, março 18, 2006

Espelho Meu...


Há tempos não coloco uma de minhas próprias fotos. Então...

Será que há cidade no mundo que supere a majestade de Paris?

Passei uma vida escutando de meu pai que Paris era inigualável em sua beleza e seu charme. E assim, fui me preparando para o dia em que finalmente colocaria à prova suas palavras. Pois eu lhes digo que minha preparação foi em vão. Por quê?

Bem... Sempre dei grande valor ao que acredito ser um dever de todo ser humano letrado: apreciar as riquezas - e não me refiro apenas àquelas fundadas em cifrões - das civilizações que habitaram e habitam este planeta, suas culturas, suas conquistas, suas filosofias, sua gente...

Pois eu lhes digo - melhor, eu lhes aviso - que não há livro, não há filme, não há artefato arqueológico, não há explicação falada ou escrita que possa fazer justiça ao primeiro contato com a capital francesa. Simplesmente, Paris não é uma cidade para qual a alma possa se "preparar". A cidade surpreende. A cidade se impõe de uma forma que a coloca, inesperadamente, acima de quaisquer expectativas.

Então, em vez de mandar a tradicional torre, a conhecida catedral ou a famosa avenida, mando esta do Palácio de Versailles, nos arredores de Paris.

Uma pequena observação: O que você vê atrás da fonte é o jardim; sim, essa imensidão que se estende quase até o horizonte é o jardim do palácio. Acredita? E diante disso, imagine só o resto...