segunda-feira, dezembro 07, 2009

Pontos Corridos vs. Mata-Mata


Até alguns dias atrás, ainda estava na dúvida. Embora fosse fã do sistema mata-mata, com os melhores times disputando um quadrangular final, via também os méritos do sistema por pontos corridos, atualmente em vigor, em que um campeão é coroado após fazer a maior pontuação entre todas as equipes. Realmente, após 38 rodadas, em turnos de ida e volta, a idéia de se premiar a regularidade faz total sentido. Porém, ao término deste campeonato brasileiro de 2009, em que meu time do coração, o Flamengo, foi campeão (leia-se maior beneficiado pelo atual sistema), cheguei a uma conclusão:

Sou, mais do que nunca, contra o sistema de pontos corridos.

Na verdade, não é bem isso. Como disse, consagrar o campeão com base no conjunto da obra de cada time é mesmo o melhor método. Mas há uma série de pontos negativos neste sistema também - entrarei em detalhes mais adiante -, e há tempos eu já tinha formulado uma alternativa. Não posso afirmar que seja viável, já que tudo depende de um calendário que já é motivo de pesadelo pra muita gente, mas certamente pode ser considerado justa.

Minha proposta é, para todos os efeitos, uma mescla dos dois sistemas. No caso, funcionaria da seguinte forma: Seria, em princípio, um campeonato por pontos corridos, mas com uma "cláusula" ao final. A taça seria automaticamente entregue ao melhor time se este impusesse uma diferença de, digamos, 3 pontos (uma vitória) sobre o segundo colocado. Se a diferença fosse de 2 pontos (equivalente a dois empates) ou menos, aí sim seria disputado o chamado mata-mata. Aqui, faria assim: colocaria os três melhores times numa disputa em que o segundo e terceiro colocados se enfrentariam, no meio da semana (quarta-feira), para definir então o adversário do primeiro colocado, no domingo - este passaria a semana de folga, se recuperando e se preparando; uma óbvia vantagem. Para beneficiar ainda mais os melhores, daria mando de campo ao primeiro colocado, e no jogo anterior, ao segundo colocado.

Muito complicado? Pode até ser. Mas veja só as razões para meu raciocínio:

Primeiramente, se num campeonato de 38 partidas há de se premiar a regularidade, acho também que não se pode ignorar o valor de um segundo colocado que chegou tão próximo do título (lembre-se: menos de 3 pontos atrás do primeiro). Acho este ponto o mais importante. Além disso, vamos considerar uma hipótese: digamos que dois times chegassem ao final do campeonato com a mesma pontuação, mesmo número de vitórias, mesmo saldo de gols, mas um marcou 60 e sofreu 40 enquanto o outro marcou 59 e sofreu 39. Não seria um verdadeiro absurdo entregar a taça ao primeiro apenas porque este marcou um gol a mais? Ou então, que tal essa: no campeonato que acabou ontem, o Flamengo, campeão com justiça, teve um jogo atípico contra o agora rebaixado Coritiba e sofreu uma goleada de 5 x 0 na capital paranaense. O mesmo Flamengo enfrentou, dias depois, o Internacional no Maracanã e goleou o colorado gaúcho por 4 x 0. Agora, digamos que as duas equipes tivessem realizado campanhas idênticas, a não ser por um mísero gol a mais marcado pelo Inter. Já entendeu, né?

Continuando, nada como uma legítima "final". A última partida do campeonato deste ano envolveu um time que brigava pelo título (Flamengo) e outro que não brigava por mais nada (Grêmio). Qual é a graça nisso?! Não há cabimento em colocar dois times para se enfrentarem quando o jogo vale tudo para um e nada para o outro.

Há outro agravante nesta combinação que finalizou o Brasileirão 2009: O Flamengo disputava o título contra o Internacional, o São Paulo, o Palmeiras, e até uma rodada anterior, Cruzeiro e Atlético Mineiro também. Só que enfrentou, nessa últimas duas partidas, Corinthians e Grêmio, arqui-rivais de São Paulo e Internacional, respectivamente. Falou-se muito em corpo mole, em mala branca (pagamento ilícito de incentivo), enfim. O Grêmio chegou ao ponto de escalar um time reserva neste jogo contra o Flamengo, enfurecendo torcedores, jogadores e diretoria do rival Inter. Se não chega a ser uma mancha na campanha vitoriosa e indiscutível do Flamengo, perde-se um pouco do brilho conquistar um campeonato desta magnitude vencendo um time reserva e desinteressado (vale dizer que o time reserva do Grêmio deu trabalho ao rubro-negro carioca) sob olhares suspeitos de todo um país.

Além disso, há outras vantagens no sistema mata-mata. Tal sistema propicia a um número maior de equipes almejar o título por mais tempo. Isto porque o time que chegar, no esquema que descrevi acima, em terceiro lugar, por exemplo, terá ainda a oportunidade de ser campeão. Se usássemos este ano como exemplo, a duas rodadas do final teríamos sete times, e não quatro, com chances de levantar o caneco.

Outra vantagem - e esta só fui perceber ontem - é que isto possibilita o vencedor de levantar a taça diante de sua torcida. Do jeito que está agora, o Flamengo foi limitado a levantar uma taça simbólica, insignificante, para na noite seguinte, à frente de alguns convidados engravatados e desinteressados, numa convenção de premiações gerais e individuais quase que irrelevantes ao título, e sem um décimo da emoção, finalmente erguer o troféu de campeão brasileiro de 2009. Muita formalidade, pouca graça, e ao meu ver, um desrespeito com o torcedor que torceu e sofreu no estádio.

Que tal?
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Em tempo...
VALEU MENGÃO, HEXACAMPEÃO BRASILEIRO!!! ORGULHO EM SER RUBRO-NEGRO!!!

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