Entre as várias comunidades das quais participo na rede de relacionamentos 'Orkut', uma tem este mesmo título que você vê acima. É uma espécie de homenagem ao cotidiano e às particularidades daqueles que são nativos ou que vivem no Rio, e segue uma série de itens que traduzem um pouco do que é viver na cidade maravilhosa. A maioria dos itens fala das qualidades da capital fluminense, e o carioca que lhe escreve agora diria que com razão. Menciona também uma ou outra coisa negativa, como por exemplo uma generalizada reclamação da situação na zona sul da cidade ou a expansão das favelas. Mas em geral, ilustra a imagem de uma cidade abençoada tanto por suas virtudes quanto por sua gente. O parágrafo termina exaltando o respeito e o amor do carioca pelo Rio, apesar de suas várias mazelas.
Pois é... Torço para que os participantes da comunidade, os quase 87.000, estejam agindo de acordo. Eu, apesar de um ou outro deslize, tento fazer minha parte.
Infelizmente, não é o que se vê. O carioca se tornou, para todos os efeitos, o inimigo número um de seu próprio lar. Alguns diriam, vá lá, que este posto pertence aos governos do estado e do país. Evidente, os políticos brasileiros não se cansam de nos envergonhar, agindo em causa própria, achincalhando o povo brasileiro. Mas isso é assunto para enciclopédia...
A verdade é que nunca se viu o carioca tão desleixado, tão desinteressado, tão agressivo, tão desrespeitoso, tão ignorante, tão crasso ou tão sujo. Mais do que nunca, é um lugar dominado pelos 'espertos' e infestado pelos 'porcos'.
Aliás, o assunto do momento se refere exatamente à capacidade do carioca em sujar as ruas e praias do Rio. Virou polêmica, inclusive, com o prefeito alertando para este fato e prometendo tirar os garis de serviço, sem aviso, numa tentativa de sensibilizar o cidadão. Medida que tem meu total apoio, por sinal. Afinal de contas, o carioca precisa aprender a fazer sua parte, sem berrar e choramingar o que o governo faz ou deixa de fazer. Precisa deixar de lado a hipocrisia e assumir sua parcela da culpa. E para isso, está precisando urgentemente de um choque, um sacode, um soco na barriga. Ou quem sabe, um fedor nas narinas.
Hoje mesmo testemunhei dois (entre vários) exemplos escancarados dessa falta de higiene social. A praia da reserva, no Recreio dos Bandeirantes, sempre foi considerada uma das mais limpas da orla. Hoje, porém, era um princípio de lixão a céu aberto, com sacos plásticos, pontas de cigarro, latas, embalagens de tudo que se possa imaginar, restos de comida e outros dejetos. Saí de lá sentindo pena daquela paisagem, tão espetacular e tão maltratada. Em seguida, voltando pra casa, estou parado atrás de um ônibus no sinal vermelho quando o último passageiro lança pela janela uma garrafa pet vazia. Indignado, não tive dúvida e chamei-o de porco ao ultrapassar o ônibus.
Isso sem falar nas brigas e bandalhas no trânsito, no comportamento grosseiro e hostil que o carioca apresenta em público, no descaso com as leis, no descuido com o patrimônio da cidade, enfim. Aliás, na linha de pensamento desta última, a frase que melhor define a situação é: Aqui, o que é público pertence não a todos, mas a ninguém.
A coisa está realmente muito feia. Não está fácil depositar esperança num futuro digno para o Rio.
Por outro lado, temos sob nossos pés e ao nosso redor a mais magnífica metrópole do planeta, uma cidade empoleirada no mar e cravada entre montanhas, submersa no verde da mata atlântica. As praias, as praças, os monumentos, a história, e claro, o carioca, fazem do Rio um lugar único. Temos também uma grande oportunidade, com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 que serão realizadas aqui. É nossa chance, talvez a última, de reverter esse padrão de deterioração generalizada que se instalou nas últimas décadas. Chega de abrir aquele sorriso amarelo para descrever o Rio de Janeiro como uma cidade linda, alegre, hospitaleira, mas violenta e em decadência.
Para tanto, há de se mudar radicalmente o comportamento da população. Temos que reencontrar o orgulho perdido e recuperar a cidadania, o respeito, a educação e o amor pelo que nos pertence. Temos que nos manifestar, juntar pensamentos e esforços e então agir, tanto de forma individual quanto coletiva, ao invés de cruzar os braços esperando que alguém tome uma atitude. Está na hora do carioca se reinventar.
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