quarta-feira, abril 11, 2007

Mercúrio


Sentei-me para almoçar num restaurante agora há pouco e, enquanto comia, escutava as músicas que ecoavam de uma caixa de som logo acima de mim. Não demorou muito e começou a tocar "One Year Of Love" do conjunto britânico Queen. Sozinho, sem ter com quem conversar e sem qualquer leitura para me distrair, "desliguei" em minha mente o barulho que permeava o restaurante para concentrar-me na música. Já havia escutado "One Year" um monte de vezes, tenho um CD do Queen com esta faixa, mas sendo que o grupo nunca figurou entre os meus favoritos (gosto, escuto, mas não amo), jamais dei muita atenção. Desta vez, dediquei aqueles cinco minutos inteiramente à voz de Freddie Mercury.


A frase que segue no próximo parágrafo eu já disse abertamente uma centena de vezes. Hoje, porém, senti a necessidade de colocá-la por escrito, tanto para posteridade e para cobrança (caso interesse ao leitor debater o assunto) quanto para homenagear o líder do Queen. Lá vai:


Com a morte de Freddie Mercury em 1991, o mundo perdeu o maior cantor de rock, o maior showman que já existiu.


Quem canta, seja no chuveiro ou no Carnegie Hall em Nova York, sabe. A capacidade das cordas vocais de Mercury era simplesmente assombrosa. Com uma afinação que beirava "irritante" de tão precisa, com um alcance que englobava e excedia as escalas de invejosos barítonos (eu) e tenores e com um talento formidável para catalizar ambas as características em perfeição vocal, Mercury mesclava seu dom com uma presença de palco singular e inigualável. Lá, ele era um verdadeiro maremoto de energia, incansável e contagioso.


Talvez ele tenha sido o único ser humano a chegar próximo (seria demais se eu dissesse atingir?) da totalidade artística para um cantor de rock. Alguns até tinham a bossa, alguns até tinham o talento, alguns até tinham a voz, mas ninguém combinava tudo isso com suficiência para fazer frente à genialidade de Freddy Mercury. Por sinal, se existe uma coisa que raros "branquelos" possuem, é o chamado soul. E Mercury tinha o suficiente para emprestar até mesmo aos negros, mestres absolutos no assunto. De quebra, o cara compunha como poucos.


Quando sucumbiu à AIDS no dia 24 de Novembro de 1991, Freddie Mercury entrou para a triste categoria de gênios que nos deixaram no auge (Cazuza, Renato Russo, Bob Marley, John Lennon, entre outros), muito antes da hora. Fascina o fato de ser um posto ocupado de forma "agridoce". A morte, prematura, significa para Freddie a herança do título de "mito". Eterno.


2 comentários:

Unknown disse...

Hoje descobri seu blog. Pela primeira vez, entrei no seu orkut e percebi o endereço do seu blog e quase não acreditei. Você, tão reservado, tem um blog! :)
Resolvi entrar para conferir e fiquei muito surpresa. Acho que não tinha percebido o seu lado poético (cuidado que eu posso me apaixonar assim...rsrs).
Fui lendo todas as suas postagens e, quando já estava no final, me deparei com a maior surpresa de todas.
Lembro de já termos conversado sobre o Queen (não sei se você lembra). Lembro claramente de você ter dito que não era fã deles (gostava de algumas músicas).
Como fã do Queen, e principalmente do Freddy Mercury, não posso deixar de postar aqui o meu comentário do quanto ADOREI o seu texto. Me surpreendeu mesmo. Como fã, não posso deixar de ficar contente quando percebo que alguém começou a perceber e curtir o meu ídolo.
Continue ouvindo Queen. Continue atento as canções e a voz do Mercury que eu tenho certeza que você vai sempre ter gratas surpresas como eu tive hoje.
Beijão, Suzi

Olga PGov disse...

Coloquei o nome do meu ídolo no google e cheguei sem querer ao seu blog.
Sinto-me obrigada a comentar, pois seu texto está excelente. São palavras sobre Freddie Mercury que raramente ouço.
Esta semana a saudade ficou mais sentida...
Obrigada pela opotunidade de ler algo tão lindo sobre Freddie!
abraço, Olga