quarta-feira, abril 26, 2006

Máquina do Tempo


Me pediram uma tradução do texto anterior e resolvi aceitar o desafio. Peço desculpas se o texto perder um pouco de conteúdo - acredito ter um tanto mais de habilidade em inglês do que em português. Em todo caso, lá vai!


Um retângulo preto e brilhante, alguns botões, uma corda, auriculares e alguns ingredientes como melodia, harmonia e ritmo... Esta é a receita, meu amigo. Tens nas mãos uma poderosa máquina do tempo.

Ah, mas não tem que ser, necessariamente, um iPod. Pode ser uma "prehistórica" vitrola ou um discman. Pode ser até mesmo seus lábios fazendo "biquinho" com ar passando por através deles!

A música é minha máquina do tempo. Em questão de algumas horas e com o auxílio de meu novo iPod, eu fiz uma visita aos meus quatro anos de high school nos EUA, voltei à faculdade, a 1983, à semana passada, até antes de meu próprio nascimento, até o século 18! E isso é só a ponta do iceberg.

Melhor do que isso, acabo de reviver sensações dignas da mais intensa nostalgia, felicidade, tristeza - o que você imaginar, eu estou sentindo (a cada quatro minutos, mais ou menos).

Ingenuidade, inocência, descoberta, ganhos e perdas, orgulho e vergonha, um beijo dado e um beijo roubado, união e separação, a nebulosidade e clareza da mente, caminhos percorridos em kilômetros ou milímetros, gargalhadas trovejantes e tristezas de esmagar o peito, infância perdida e o tropeço na condição de homem, extrema confiança ou incerteza...

Em carros, aviões, ônibus, trens, navios. No Rio de Janeiro, em Connecticut, na Espanha, na California, em Buenos Aires, em Manhattan, num canal em Veneza ou em algum lugar bem alto, acima do Oceano Atlântico. No chuveiro, na praia, andando pela rua, na academia, sentado na grama num dia claro e frio da primavera Nova Iorquina, fumando um cigarro, transando, em frente ao computador - uma lista impressionante e interminável!

Eu voltei a distância e a profundidade de meu primeiro amor, já examinei uma noite inteira dos tempos em que desconhecia as virtudes do desconhecimento, consegui acessar os dias indescritíveis após a morte de meu pai, voltei aos momentos em que estive num palco, cantando com amigos da high school e da faculdade e.... agora.

A música sempre esteve comigo, em mente, corpo e alma. Ela tem sido poderosa e, ao mesmo tempo, delicada o suficiente em permitir-me a abertura de meus olhos no reconhecimento do que é essencial à vida:

Quem sou
Quem fui
Onde estive
Com quem estive
Onde cheguei
E possivelmente até mesmo onde vou.

Time Machine


I got up from bed, fighting off the flu and all, to write this one.

A shiny, black rectangle, a few buttons, a cord, headphones, a few ingredients such as melody, harmony and rhythm... There is the recipe, my friend. You have in your hands a mighty time machine.

Oh, but there's no reason why it should be an iPod necessarily. It could be a "prehistoric" turntable or discman. Hell, it could be your puckered-up lips and air going through them!

Music is my time machine. I have, in a matter of a couple of hours and with the aid of my new iPod, revisited various moments in each year of high school, gone back to college, back to 1983, back to last week, back to way before my birth, back to the 18th century! And that´s just the tip of the iceberg.

But better than that, I've just relived sensations worthy of intense nostalgia, happiness, sadness - you name it, I'm feeling it (every four minutes, give or take a few).

Ingenuity, innocence, discovery, triumphs and losses, pride and shame, a kiss taken or given, union and separation, a mind clouded or crystal clear, paths treaded in kilometers and millimeters, thundering laughter or chest-crushing sorrow, childhood lost and manhood stumbled upon, extreme confidence or uncertainty....

In cars, planes, buses, trains, ships. In Rio de Janeiro, Connecticut, Spain, California, Buenos Aires, Manhattan, a canal in Venice or somewhere way above the Atlantic Ocean. In the shower, at the beach, walking down the street, at the gym, on the grass on a brisk New York spring day, smoking a cigarette, while having sex, in front of the computer - an interminable, mind-boggling list!

I've gone as far back and as down deep as my first love, I've retraced an entire evening from back when I had no idea that ignorance was bliss, I've managed to tap into the indescribable days after my father's death, I've touched upon moments on a stage, singing with good friends from high school and college, and... Now.

Music has always been with me, in mind, body and soul. It has been powerful enough and sufficiently delicate in helping me open my eyes to what is of the essence in life:

Who I am
Who I was
Where I've been
With whom I've been
What I've accomplished
And maybe even where I'm going.

domingo, abril 23, 2006

30

Após longo e tenebroso inverno, volto a escrever. Na verdade, não teve nada de longo e tenebroso - pelo contrário, tive tanta coisa acontecendo nessas ultimas duas semanas que me faltou tempo e energia para dar continuidade à minha imitação semanal de escritor.

Bem, então vamos ao que interessa...


Foram quatorze dias em que aconteceu o que há de mais cômico, mais triste, mais emocionante, mais desesperador, mais divertido, mais irritante, mais prazeroso, mais gratificante e mais feliz, dando maior ênfase a este último. Os vinte saíram e os trinta entraram de maneira apoteótica.

Eu enfrentei, sim, uma leve crise por estar "trocando de pele", mas ao contrário do que todos acreditaram, não foi porque me sentia velho. Nada disso...

Me sinto como se estivesse em pé numa plataforma de uma estação de trem, olhando fixamente para frente, e um trem de alta velocidade passa diante de mim deixando um rastro, um vulto multicolorido e barulhento, rostos nos vagões se misturando ao passarem, chão tremendo, ar se deslocando com um trovejar no peito. Está tudo passando rápido demais!

É um tanto quanto assustador, mas é fascinante, sabia? Só de pensar quantos vagões já passaram...

Aos que têm vinte-e-algo, muitíssimo obrigado pela companhia da última década.
Aos que têm trinta-e-algo, será um prazer compartilhar a próxima com vocês.

sexta-feira, abril 07, 2006

A Luz No Fim Do Túnel

Senhoras e senhores, há esperança. Pode ser apenas um espasmo, um soluço cósmico, mas existe sim uma luz no fim do túnel para a música.

Em Outubro de 2005, escrevi sobre a mediocridade que impera sobre melodias e harmonias brasileiras e mundiais. Era uma horrorosa cacofonia de barulhos metálicos e disfunções vocais. Pusesse um video clip atrás da "música" e voilá, um filme de terror instantâneo!

Hoje meu mundo tomou um tranco, um grato tranco! O grupo Los Hermanos entrou em minha vida. Comprei hoje à tarde seu mais novo álbum, "4", e passei duas horas estudando, destrinchando e garimpando. Tenho boas notícias:

Olhando pela fechadura, meio que despretensiosamente, como se fosse um segredo a ser descoberto por quem ousasse se interessar, tive a bela supresa de encontrar a melancolia cantada com um sorriso na cara. A impressão que deu foi que Los Hermanos cantam sobre uma vida que se apresenta em tristezas e tribulações, mas que ainda assim, vale a pena cantá-la, e mais ainda, vale a pena fazê-lo com um (me perdoem, mas a perfeição do termo me impele) foda-se calculado.

Quer saber? Foi um gigantesco alívio! Hoje em dia, cantores nada fazem além de gemer ou gritar. Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, que alternam nos vocais do grupo, falam e dó, ré, mi, fá, sol, lá, sí e dó (e suas variações intermediárias, é claro). Hoje em dia, músicos se limitam a três notas para acompanhar seus grunhidos e berros. Em contrapartida, a complexidade dos arranjos, a beleza das harmonias, as fascinantes dissonâncias e alterações em tempo fazem do Los Hermanos um delicioso passeio pelas possibilidades e oportunidades que o talento musical proporcionam.

Ótimo, hein? Já falei de técnica e poesia, tentei minha eloquência, mas faltou a definição de mesa de bar. Quem são Los Hermanos?

Faltam meses e meses até que os conheça de verdade e possa ter algo definitivo a afirmar sobre Los Hermanos, mas já que me propus a brincar de crítico musical logo de cara, que tal essa:

A MPB e a Bossanova encontram o Radiohead.

segunda-feira, abril 03, 2006

Bathroom Wall

I could not help but "copy and paste" this text from Laila´s The Pawnshop. It was just too good to let it pass by... So Laila, if you don´t mind, these words that you found which you made your own, I'm making mine.


This was found on a bathroom wall somewhere in the U.S.A....

"You've taken over my mind. You've raped my thoughts with your image viruses then sold me fake cures for your own disease. Your words and pictures scream orders at me like angry prison wardens. When I cover my ears, your voices echo in my head. I hate you. When I see your billboards, your talk shows, your rock concerts and your factories, when I see the work of your twisted libidos, I want to kill you. I want to set fires, plant bombs, derail trains. I want to smash your buildings and tear at your bodies until the skin of my hands is worn to the bone. I am filled with a rage that burns my eyes.

I don't want to feel this way. You have done this to me. These feelings are the fruits of your multi-billion dollar sowing. And I am not alone. There are others like me out here. Every suicide, every madman, every man and woman who gets a gun and just starts shooting -- these are your illegitimate children. They don't all know what they are doing. All they know is hate for the invisible walls which you have raised around them, hate for the narrow path you have tried to make them walk. And the innocent pay in blood for your negligence.

Remember this: My mind is big. The more you try to push me down and make me small, the greater the pressure inside me becomes. The greater the pressure, the greater the chance of an explosion. There was once a time when I felt love, but now I feel only hate and anger, and fear at what I might do. And you can tell me to "BE HAPPY," but I know that you really mean "BE QUIET".

Believe me, I want to be happy. You stand in my way."

sábado, abril 01, 2006