sexta-feira, março 31, 2006

The Professor


- How fast are you really?
- Got a coin? A quarter or something? Hold it up against the wall for me.

Neil picks up his drum sticks and places the tips on the inch-wide face of the coin, just about on top of George Washington´s left cheek. What the reporter sees next - or should I say, fails to see - is a blur. With outrageously quick and surrealistically precise hands, Neil Peart drum rolls the coin against the white wall, and it does not fall. His speed is such that the coin behaves as if glued to the vertical surface, defying gravity itself.

That is the legend of Neil Peart, drummer for canadian trio "Rush". Whether it´s true or not, I have yet to confirm. But I wouldn´t doubt it.

I am sitting here watching and listening to the DVD "Rush in Rio" and, were it not for the drool on my chest, I would not have noticed my wide open mouth. Homer Simpson drools to donuts, I drool to Neil Peart´s drums.

If you have never heard Rush, I can understand. They have the reputation for playing rather "heavily", to put it lightly. It is not music for all ears. But hey, no rock group lives as long as Rush has (31 years since Neil Peart joined the band) and becomes so successful across the planet by just making large quantities of head-splitting noise. Geddy Lee (vocals, bass, synthesizer), Alex Lifeson (guitars) and Peart are all virtuosos, and their music sounds accordingly. With regards to Neil specifically, what I can tell you, first of all, is that his speed is downright scary - and this includes the speed of his hands as well as how agile he is in moving from one drum to another. Secondly, the guy seems to have four brains, one for each limb! His left leg might be doing something different from his right, which in turn is doing nothing related to his left hand, which is completely off synchronization with his right hand - and he somehow makes it all come together perfectly. And finally, his creativity and his capacity to vary between measures of a single song are just phenomenal. So... If in fact you have never heard Rush, if you have never been hypnotized by Neil Peart´s transcendental drumming, my deepest condolences. Let me be the one to tell how things work here:

You may be imagining some long-haired, shirtless, tongue-waiving, face-distorting, leather-wearing, substance-abusing skin and bones of a drummer... Well, it simply is not the case. First of all, the man is now 53 years old. Fifty-three. He wears a regular t-shirt and his already traditional african-style percussionist cap on his head to cover his balding head. And when it comes to his face, that is what impresses me the most. He´s not making ridiculous faces, he´s not sticking out his tongue, he´s not flailing a mane of hair around. He is dead serious and completely concentrated on the colossal quantity of percussion instruments which surround him in 360 degrees. Quite simply, the man means business.

As I write, I watch his almost 10-minute solo. What am I doing? Besides "air drumming" all over the place (until some 3 minutes ago, I thought I could play drums), I'm cracking up in laughter. Yes, laughter! I find it comical that somebody could become so supernaturally good!

So go ahead and ask me. "Is Neil Peart the greatest rock drummer ever?"

Let me put it this way: It´s God in heaven and Neil on the drumset.

terça-feira, março 28, 2006

Copas De Uma Infância


120 milhões em ação, pra frente Brasil do meu coração!
Todos juntos, vamos, pra frente Brasil, salve a seleção!

Pois é... Eu berrava isso como se fosse questão de vida ou morte, como se realmente a existência de minha pátria dependesse da voz de cada cidadão, da união de todos para apoiar aqueles guerreiros que defendiam, com bola, chuteira e uniforme, a honra nacional em canchas européias. Era algo maior que tudo, que todos. Era vital e era lindo.

Eu me lembro, junho de 1982, posando para fotos tiradas por meu pai, com a camisa canarinho da seleção brasileira - aquela que ainda tinha a Taça Jules Rimet no escudo em vez do tradicional "CBF" dentro da cruz - e o peito explodindo de orgulho por ter na pele a mesma camisa que usavam Zico, Sócrates, Falcão, Júnior, Mozer, Leandro, Toninho Cerezzo e outros craques. Naquele mês daquele ano, eram motivo de honra as decorações de rua, aquelas bandeirinhas e fitinhas verdes e amarelas atravessando os asfalto a uns quatro metros de altura. O Village, em São Conrado, onde eu morava na época, entrava de corpo e alma no espírito da Copa do Mundo da Espanha de 1982 com pinturas nas calçadas, cornetas ensurdecedoras e bandeiras brasileiras pendentes das janelas.

Eu me lembro da virada de 2 x 1 em cima da velha União Soviética (aquelas camisas rubras com o imponente, quase assustador, CCCP em branco são inesquecíveis!), do baile de 4 x 1 sobre a Nova Zelândia, com direito a golaço de Zico e dos 3 x 1 sapecados na Argentina de Maradona. E me lembro, ainda como se fosse ontem, o dia 5 de Julho de 1982, indo de São Conrado à casa de minha avó em Copacabana e escutando no rádio o nome de Paolo Rossi sendo gritado pela terceira vez - até então, Brasil e Itália empatavam em 2 x 2. Não me pergunte a razão de minha mãe me arrancar de casa em plenas quartas-de-final de Copa do Mundo! Só sei que cheguei lá para assistir os últimos seis ou sete minutos de jogo e simplesmente não entender o placar final. Que sofrimento para um moleque de seis anos...

Em 1986, já com dez, as memórias são ainda mais vivas. O golaço de Josimar (quem se lembra?) contra a Irlanda do Norte, a goleada de 4 x 1 sobre a Polônia e aquele jogo maldito contra a maldita França do maldito Michel Platini. Até aquele dia, a São Paulo que minha família havia adotado como lar se comportava como o Village no Rio, decorações, bandeiras, fogos, cornetas, orgulho. E então veio aquela cruelíssima disputa de penaltis vencida pela França, com bola batendo na trave, na cabeça do goleiro Carlos e entrando no gol. Para um moleque de dez anos, dessa vez a paixão pela seleção canarinho se esmoreceu em sofrimento acompanhado de compreensão. Também não foi fácil.

Passou-se o tempo.

De 1990 pra cá, entre um ou outro fiasco e o pentacampeonato mundial, os anos de 1994 e 2002 me deixaram embriagado e sem voz, orgulhoso ao voltar com mais uma estrela para minha casa nos EUA em 1994 (não que aquele bando de gringos soubesse a significado de um título mundial de futebol, seja este conquistado na terra de Tio Sam ou não), feliz ao desfazer aquela péssima impressão contra a fatídica França em 1998 e em destravar o grito de "É PENTA!" que engasgara quatro anos antes. Aquele menino que sonhou e chorou a década de 80 de sua seleção nacional (ah meu amigo, pelo menos meu Mengão me encheu de glórias!) tinha tudo para transbordar de alegria com as duas vezes em que a taça de campeão mundial foi erguida por mãos tupiniquins.

Mas quer saber? Não foi assim. A catarse não veio como esperada. A magia das Copas do Mundo se foi. O jogo já não era mais o mesmo. Aliás, há muito o jogo não é mais jogo, é negócio. Os 120 agora são 180 e os seis e os dez agora são quase trinta. Mesmo que o país ainda se pinte de verde e amarelo, mesmo que explodam gritos e fogos com os gols de Ronaldo e cia, mesmo com passeatas e trios-elétricos em comemoração, mesmo com minha própria alegria diante de um possível hexacampeonato, a sensação é que extinguiu-se o ritual, desfez-se a obrigação patriota, morreu a "brincadeira". Eu cresci e o futebol também.

O que me resta? Me resta torcer para que um dia eu possa ter um filho. Me resta torcer para que ele possa ser apaixonado como eu fui. Me resta torcer para que ele tenha a sorte de comemorar o título mundial que faltou à minha infância. Me resta torcer... como torci quando criança.

sábado, março 18, 2006

Espelho Meu...


Há tempos não coloco uma de minhas próprias fotos. Então...

Será que há cidade no mundo que supere a majestade de Paris?

Passei uma vida escutando de meu pai que Paris era inigualável em sua beleza e seu charme. E assim, fui me preparando para o dia em que finalmente colocaria à prova suas palavras. Pois eu lhes digo que minha preparação foi em vão. Por quê?

Bem... Sempre dei grande valor ao que acredito ser um dever de todo ser humano letrado: apreciar as riquezas - e não me refiro apenas àquelas fundadas em cifrões - das civilizações que habitaram e habitam este planeta, suas culturas, suas conquistas, suas filosofias, sua gente...

Pois eu lhes digo - melhor, eu lhes aviso - que não há livro, não há filme, não há artefato arqueológico, não há explicação falada ou escrita que possa fazer justiça ao primeiro contato com a capital francesa. Simplesmente, Paris não é uma cidade para qual a alma possa se "preparar". A cidade surpreende. A cidade se impõe de uma forma que a coloca, inesperadamente, acima de quaisquer expectativas.

Então, em vez de mandar a tradicional torre, a conhecida catedral ou a famosa avenida, mando esta do Palácio de Versailles, nos arredores de Paris.

Uma pequena observação: O que você vê atrás da fonte é o jardim; sim, essa imensidão que se estende quase até o horizonte é o jardim do palácio. Acredita? E diante disso, imagine só o resto...

segunda-feira, março 13, 2006

Sadness

None of that usual spirited and cheerful banter in today´s post... Instead, today I write with a heavy heart.

Cinema and Theater are mourning the death of one of its leading actresses, the incomparable Maureen Stapleton. She was 80 years old.

An Oscar winner (for "Reds" in 1981) and a two-time Tony Award winner, Maureen combined a soft voice and soft face to hide an incredible capacity for the most intense drama and comedy. Her versatility, along with her indisputable talent made her one of my favorite actresses, as I'm sure is the case with movie and theater goers around the world.

Thank you Ms. Stapleton. It has been entirely our pleasure.

Against The Flow?


I discovered something tonight, and it is something which may come as an insult to some, a surprise to most:

I do not like Woody Allen.

Now, before you start barking obscenities at me and my family tree, let´s get some facts down. First of all, I am no great movie connoisseur when it comes to the technical aspects of producing a film and I am, by no means, a film critic. Second, I must admit that I have seen far too few of Woody´s films to truly be able to praise or criticize him. However, if you would be so kind to re-read my "first of all", please acknowledge that I am therefore eligible to say whatever the hell I want! So without further ado...

His movies seem to lack dynamics and they seem to lack passion. What it feels like to me is that Allen, an accomplished filmmaker considered a genius by many, is merely fulfilling whatever obligations or standards are expected of him. Seems like there's not enough energy to fuel his films.

Don't get me wrong, Woody Allen has long proven to be a great story teller. It´s just that his stories don´t seem to be doing his storytelling justice! Take for example "Match Point", which is the reason for this post. Despite some interesting twists and a fascinating and persistent catch-phrase ("I'd rather be lucky than good"), the story is positively trite!! It´s been told a million times in a million ways. It adds nothing. It drags itself out just a bit longer than may have been necessary. I would even go so far as to say that it bores the viewer in a few moments! And this may be just one of Woody Allen's signature traits, but the camera seems a bit static, a bit limited in light of the events that unfold before it. But hey, that´s just my opinion.

If you´re sitting there crucifying me for the outrageous quantity of garbage (hey, you said it, not me!) that has just come from my brain, through my fingertips, to the screen and into your eyes, I will make a promise:

If, after watching classics like "Play It Again, Sam", "Sleeper", "Everything You Always Wanted to Know About Sex (But Were Afraid To Ask)", "Crimes and Misdemeanors" and the likes, I realize that I am currently in the process of making a fool of myself to anyone who knows that Woody is indeed a master of his art, I will write another post to retract and beg forgiveness.

One final thought: Do you think it would be possible for Scarlett Johansson to act in every movie ever made, from here on in? And if so, do you think she could start every scene looking like she does in the first time she appears in "Match Point"? I swear, every man and woman in that theater gasped and every jaw dropped! Simply gorgeous...

quarta-feira, março 08, 2006

Zoológico

Assisti ontem à noite uma das cenas mais estapafúrdias, mais asquerosas, mais assustadoras de minha vida. Não, não foi um assassinato, nem foi um estupro, nem foi um acidente. Foi um homem urinando. E depois do que vi, chego inevitavelmente à conclusão de que a sociedade brasileira se encontra em avançado estado de putrefação.

Um homem, vinte e muitos anos, raça negra, camiseta, bermuda e chinelo, andando pela Rua Barão de Ipanema em Copacabana pouco depois do anoitecer, me presenteia com a seguinte cena dos infernos:

Saca seu pênis de dentro de sua bermuda e, ainda em movimento, começa a urinar! Assim, sem pausa, sem cerimônia, sem vergonha, sem a mira de uma árvore... Apenas um arco dourado e cilíndrico caindo diante dos passos de seu autor. E assim continuou até que tivesse inteiramente aliviado! Dá pra acreditar nisso?

Comentei com um porteiro que assistiu à cena comigo: "É bicho, né? Um ser que faz uma coisa dessas só pode ser bicho!".

Éééé, meus amigos... A coisa está muito feia mesmo. Não sei se isso aqui tem jeito não....

sexta-feira, março 03, 2006

Canarinho


Finalmente!

Demorou, mas finalmente voltou a camisa canarinho. Sim, aquela que desde 1958 exerce uma monarquia sobre o futebol mundial. De uns tempos pra cá, ela começou a perder sua cor original, começou a se encher de detalhes feios e desnecessários, começou a se descaracterizar, até que na conquista do pentacampeonato mundial em 2002, com seu amarelo neon e seus traços verdes diagonais, mais parecia uma pipa radioativa!

Ela até deu uma melhoradinha recente, tendo perdido a aparência descrita acima e tomando ares mais sóbrios. Mas ainda ficou um certo desconforto nos olhos, com aquele número com um círculo em volta que lembrava uma bola de bilhar e aquela faixa verde nas costas, no lugar do nome, que mais parecia que alguém tinha rasgado a capa de um super-herói. Sem falar que era uma camisa feita de um molde - o mesmo utilizado para as seleções de Portugal, Holanda, Estados Unidos, Coréia do Sul e México - mudando-se apenas as cores de seleção para seleção. Nada digno de um pentacampeão mundial, dono de um futebol único, celeiro inesgotável de mestres da bola.

Eis que finalmente o Brasil entra em campo em junho deste ano com a camisa que merece. Uma camisa de cor amarela verdadeira, forte mas sem berrar nem cegar os olhos, detalhes mínimos em verde na manga e na gola, escudo da CBF em discreto destaque e sobre o coração, swoosh da Nike no lado direito, número simples e sem firula no meio do peito. LINDA. Linda e sem perder a modernidade, com um tecido leve (sphere-dry, como denominou a Nike), e sem aquela tela interna que quase decapitou o Edmilson na Copa de 2002! Ah, e nada de molde utilizado e re-utilizado para países sem a mínima tradição nessa religião que chamamos de futebol.

Linda, moderna, simples e única. Já passava da hora, hein?

quinta-feira, março 02, 2006

No Brainer


13 Going On 30...

Chick-flick? Check.
Corny? Check.
Predictable? Check.
Feel-Good-Don't-Have-To-Think-Too-Much-Romantic-Comedy-Like-A-Million-Others-Before-It? Check.
Storyline Done Before? Check. (as in "Big", Tom Hanks' classic)

So, why the hell spend close to two hours in front of the television watching something that has, according to the checklist above, so few attractions? Let´s see now...

How about this for starters: Jennifer Garner. Man, this girl just lights up the screen. She´s simply stunning! And not in a lingerie-model kind of way, but more like a girl next door who one day you look at and say "Whoa, what happened to YOU?". And even if she´s no Meryl Streep, she can carry a movie too.

What else? Some pretty good laughs, believe it or not! A dozen people dancing, despite their obvious discomfort, the entire choreography to Michael Jackson´s "Thriller" makes for not only a healthy round of hysterics, but also serves as a great revival of those fantastic 80´s which so many of us grew up in and now look back in nostalgia. In fact, the first twenty minutes of the movie are a faithful ode to 80´s pop culture - sights and sounds you thought you'd never see or hear again. Throw in some periodically funny dialogue and you have a delicious dose of endorphins running through your pipes.

You will, however, have to bear with the fact that the movie has that corny and ever-present "message" of righteousness, of what is virtuous, of going back and fixing your life´s mistakes. But at least it doesn´t pretend to be anything else. Like the title here says, it´s a no brainer, with the sole purpose of entertaining. And sure, it fumbles about and trips over its own legs once in a while as it tries to squeeze the story into two hours. Furthermore, as hard as it may try to distance itself, it is inevitably a spinoff of "Big". But hey, none of this is too difficult to overlook if you´re in the mood for a harmless laugh or two.

So go ahead. If you´re not looking to rack your brains with some mindboggling Euromovie, indulge yourself! Waste away in front of the screen, popcorn at your side. It´s good for your health once in a while.

Oh, two more things: First, take a look at the actor who plays her boss in the movie and try to figure out what other memorable character he played recently! It´s rather fascinating! Second, did I mention that Jennifer Garner is in this?

Árvore


Quero entender a essência das árvores
Caleidoscópios verde-luz
Pilares da atmosfera
Força brotando da Terra

E ainda, em face aos assaltos,
Respiram a fé na eternidade
Há milênios nos receberam
Em milênios nos entregarão

Lar, sombra, alimento, caminho
E acima de tudo pulmão
Pés firmes ancorando o mundo
Braços largos acolhendo a vida

A sinfonia do belo e vital
A flora, sua própria platéia
E sob o disfarce do vento
O delicado aplauso de infinitas mãos