terça-feira, dezembro 08, 2009

Cena Bem Brasileira

Assistindo ao "Globo Esporte" hoje, vi uma cena no mínimo hilária que traduz bem esse espírito brasileiro que é conhecido mundialmente como sendo jocoso, espontâneo e contagiante.

Passageiros num vôo da TAM do Rio para Vitória fizeram a festa no céu. Flamenguistas, ainda extasiados com o hexacampeonato brasileiro e em maioria no vôo, trouxeram o Maracanã para dentro da aeronave com canções da torcida rubro-negra. Até aí, nenhuma grande novidade. Mas aí vem a criatividade:

Moda entre torcedores de Flamengo e Fluminense, jogos no Maracanã são precedidos por festas belíssimas envolvendo os chamados "mosáicos", onde cada espectador levanta uma cartolina de determinada cor para formar, coletivamente, dizeres e imagens de apoio ao seu time do coração. Pois não é que os flamenguistas do vôo da TAM deram seu jeitinho de formar um mosáico a 35 mil pés?! Pegaram as cartelas de segurança (aquela que fica no bolsão da poltrona à frente e informa qual é a melhor maneira de sobreviver caso o avião venha a se espatifar no meio do Oceano Pacífico a 800 km/h), levantaram sob suas cabeças e as abanaram, bem como fazem rubro-negros e tricolores em dia estádio cheio. Não satisfeitos, realizaram uma "ola longitudinal", com braços se erguendo em sequência, da primeira poltrona do avião até a última e de volta.

Só no Brasil, né?

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Pontos Corridos vs. Mata-Mata


Até alguns dias atrás, ainda estava na dúvida. Embora fosse fã do sistema mata-mata, com os melhores times disputando um quadrangular final, via também os méritos do sistema por pontos corridos, atualmente em vigor, em que um campeão é coroado após fazer a maior pontuação entre todas as equipes. Realmente, após 38 rodadas, em turnos de ida e volta, a idéia de se premiar a regularidade faz total sentido. Porém, ao término deste campeonato brasileiro de 2009, em que meu time do coração, o Flamengo, foi campeão (leia-se maior beneficiado pelo atual sistema), cheguei a uma conclusão:

Sou, mais do que nunca, contra o sistema de pontos corridos.

Na verdade, não é bem isso. Como disse, consagrar o campeão com base no conjunto da obra de cada time é mesmo o melhor método. Mas há uma série de pontos negativos neste sistema também - entrarei em detalhes mais adiante -, e há tempos eu já tinha formulado uma alternativa. Não posso afirmar que seja viável, já que tudo depende de um calendário que já é motivo de pesadelo pra muita gente, mas certamente pode ser considerado justa.

Minha proposta é, para todos os efeitos, uma mescla dos dois sistemas. No caso, funcionaria da seguinte forma: Seria, em princípio, um campeonato por pontos corridos, mas com uma "cláusula" ao final. A taça seria automaticamente entregue ao melhor time se este impusesse uma diferença de, digamos, 3 pontos (uma vitória) sobre o segundo colocado. Se a diferença fosse de 2 pontos (equivalente a dois empates) ou menos, aí sim seria disputado o chamado mata-mata. Aqui, faria assim: colocaria os três melhores times numa disputa em que o segundo e terceiro colocados se enfrentariam, no meio da semana (quarta-feira), para definir então o adversário do primeiro colocado, no domingo - este passaria a semana de folga, se recuperando e se preparando; uma óbvia vantagem. Para beneficiar ainda mais os melhores, daria mando de campo ao primeiro colocado, e no jogo anterior, ao segundo colocado.

Muito complicado? Pode até ser. Mas veja só as razões para meu raciocínio:

Primeiramente, se num campeonato de 38 partidas há de se premiar a regularidade, acho também que não se pode ignorar o valor de um segundo colocado que chegou tão próximo do título (lembre-se: menos de 3 pontos atrás do primeiro). Acho este ponto o mais importante. Além disso, vamos considerar uma hipótese: digamos que dois times chegassem ao final do campeonato com a mesma pontuação, mesmo número de vitórias, mesmo saldo de gols, mas um marcou 60 e sofreu 40 enquanto o outro marcou 59 e sofreu 39. Não seria um verdadeiro absurdo entregar a taça ao primeiro apenas porque este marcou um gol a mais? Ou então, que tal essa: no campeonato que acabou ontem, o Flamengo, campeão com justiça, teve um jogo atípico contra o agora rebaixado Coritiba e sofreu uma goleada de 5 x 0 na capital paranaense. O mesmo Flamengo enfrentou, dias depois, o Internacional no Maracanã e goleou o colorado gaúcho por 4 x 0. Agora, digamos que as duas equipes tivessem realizado campanhas idênticas, a não ser por um mísero gol a mais marcado pelo Inter. Já entendeu, né?

Continuando, nada como uma legítima "final". A última partida do campeonato deste ano envolveu um time que brigava pelo título (Flamengo) e outro que não brigava por mais nada (Grêmio). Qual é a graça nisso?! Não há cabimento em colocar dois times para se enfrentarem quando o jogo vale tudo para um e nada para o outro.

Há outro agravante nesta combinação que finalizou o Brasileirão 2009: O Flamengo disputava o título contra o Internacional, o São Paulo, o Palmeiras, e até uma rodada anterior, Cruzeiro e Atlético Mineiro também. Só que enfrentou, nessa últimas duas partidas, Corinthians e Grêmio, arqui-rivais de São Paulo e Internacional, respectivamente. Falou-se muito em corpo mole, em mala branca (pagamento ilícito de incentivo), enfim. O Grêmio chegou ao ponto de escalar um time reserva neste jogo contra o Flamengo, enfurecendo torcedores, jogadores e diretoria do rival Inter. Se não chega a ser uma mancha na campanha vitoriosa e indiscutível do Flamengo, perde-se um pouco do brilho conquistar um campeonato desta magnitude vencendo um time reserva e desinteressado (vale dizer que o time reserva do Grêmio deu trabalho ao rubro-negro carioca) sob olhares suspeitos de todo um país.

Além disso, há outras vantagens no sistema mata-mata. Tal sistema propicia a um número maior de equipes almejar o título por mais tempo. Isto porque o time que chegar, no esquema que descrevi acima, em terceiro lugar, por exemplo, terá ainda a oportunidade de ser campeão. Se usássemos este ano como exemplo, a duas rodadas do final teríamos sete times, e não quatro, com chances de levantar o caneco.

Outra vantagem - e esta só fui perceber ontem - é que isto possibilita o vencedor de levantar a taça diante de sua torcida. Do jeito que está agora, o Flamengo foi limitado a levantar uma taça simbólica, insignificante, para na noite seguinte, à frente de alguns convidados engravatados e desinteressados, numa convenção de premiações gerais e individuais quase que irrelevantes ao título, e sem um décimo da emoção, finalmente erguer o troféu de campeão brasileiro de 2009. Muita formalidade, pouca graça, e ao meu ver, um desrespeito com o torcedor que torceu e sofreu no estádio.

Que tal?
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Em tempo...
VALEU MENGÃO, HEXACAMPEÃO BRASILEIRO!!! ORGULHO EM SER RUBRO-NEGRO!!!

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Ser Carioca É...

Entre as várias comunidades das quais participo na rede de relacionamentos 'Orkut', uma tem este mesmo título que você vê acima. É uma espécie de homenagem ao cotidiano e às particularidades daqueles que são nativos ou que vivem no Rio, e segue uma série de itens que traduzem um pouco do que é viver na cidade maravilhosa. A maioria dos itens fala das qualidades da capital fluminense, e o carioca que lhe escreve agora diria que com razão. Menciona também uma ou outra coisa negativa, como por exemplo uma generalizada reclamação da situação na zona sul da cidade ou a expansão das favelas. Mas em geral, ilustra a imagem de uma cidade abençoada tanto por suas virtudes quanto por sua gente. O parágrafo termina exaltando o respeito e o amor do carioca pelo Rio, apesar de suas várias mazelas.

Pois é... Torço para que os participantes da comunidade, os quase 87.000, estejam agindo de acordo. Eu, apesar de um ou outro deslize, tento fazer minha parte.

Infelizmente, não é o que se vê. O carioca se tornou, para todos os efeitos, o inimigo número um de seu próprio lar. Alguns diriam, vá lá, que este posto pertence aos governos do estado e do país. Evidente, os políticos brasileiros não se cansam de nos envergonhar, agindo em causa própria, achincalhando o povo brasileiro. Mas isso é assunto para enciclopédia...

A verdade é que nunca se viu o carioca tão desleixado, tão desinteressado, tão agressivo, tão desrespeitoso, tão ignorante, tão crasso ou tão sujo. Mais do que nunca, é um lugar dominado pelos 'espertos' e infestado pelos 'porcos'.

Aliás, o assunto do momento se refere exatamente à capacidade do carioca em sujar as ruas e praias do Rio. Virou polêmica, inclusive, com o prefeito alertando para este fato e prometendo tirar os garis de serviço, sem aviso, numa tentativa de sensibilizar o cidadão. Medida que tem meu total apoio, por sinal. Afinal de contas, o carioca precisa aprender a fazer sua parte, sem berrar e choramingar o que o governo faz ou deixa de fazer. Precisa deixar de lado a hipocrisia e assumir sua parcela da culpa. E para isso, está precisando urgentemente de um choque, um sacode, um soco na barriga. Ou quem sabe, um fedor nas narinas.

Hoje mesmo testemunhei dois (entre vários) exemplos escancarados dessa falta de higiene social. A praia da reserva, no Recreio dos Bandeirantes, sempre foi considerada uma das mais limpas da orla. Hoje, porém, era um princípio de lixão a céu aberto, com sacos plásticos, pontas de cigarro, latas, embalagens de tudo que se possa imaginar, restos de comida e outros dejetos. Saí de lá sentindo pena daquela paisagem, tão espetacular e tão maltratada. Em seguida, voltando pra casa, estou parado atrás de um ônibus no sinal vermelho quando o último passageiro lança pela janela uma garrafa pet vazia. Indignado, não tive dúvida e chamei-o de porco ao ultrapassar o ônibus.

Isso sem falar nas brigas e bandalhas no trânsito, no comportamento grosseiro e hostil que o carioca apresenta em público, no descaso com as leis, no descuido com o patrimônio da cidade, enfim. Aliás, na linha de pensamento desta última, a frase que melhor define a situação é: Aqui, o que é público pertence não a todos, mas a ninguém.

A coisa está realmente muito feia. Não está fácil depositar esperança num futuro digno para o Rio.

Por outro lado, temos sob nossos pés e ao nosso redor a mais magnífica metrópole do planeta, uma cidade empoleirada no mar e cravada entre montanhas, submersa no verde da mata atlântica. As praias, as praças, os monumentos, a história, e claro, o carioca, fazem do Rio um lugar único. Temos também uma grande oportunidade, com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 que serão realizadas aqui. É nossa chance, talvez a última, de reverter esse padrão de deterioração generalizada que se instalou nas últimas décadas. Chega de abrir aquele sorriso amarelo para descrever o Rio de Janeiro como uma cidade linda, alegre, hospitaleira, mas violenta e em decadência.

Para tanto, há de se mudar radicalmente o comportamento da população. Temos que reencontrar o orgulho perdido e recuperar a cidadania, o respeito, a educação e o amor pelo que nos pertence. Temos que nos manifestar, juntar pensamentos e esforços e então agir, tanto de forma individual quanto coletiva, ao invés de cruzar os braços esperando que alguém tome uma atitude. Está na hora do carioca se reinventar.

terça-feira, agosto 25, 2009

Gabi

Sentirei falta daquele sorriso. Não era um sorriso qualquer. Era um sorriso verdadeiro e contagiante, desafiador e confortante ao mesmo tempo, persistente e doce dentro de uma amargura que jamais transpareceu, apesar de sua sabida existência. Foi um dos sorrisos mais belos que já vi e pertenceu a uma das pessoas mais extraordinárias que cruzaram meu caminho.

Gabriella, minha prima de terceiro grau, teve, ontem, seu merecido descanso, aos 32 anos de idade. O câncer que a envenenava venceu após uma genuína maratona de batalhas travadas ao longo da vida.

Ainda bebê, Gabi perdeu seu olho direito para a doença, substituído por uma prótese de vidro. Passado o susto e superada a desgraça, parecia que os danos se limitariam a isso, e por quase vinte e cinco anos, assim se manteve. Gabi teve a infância e a adolescência que a maioria de nós teve – feliz, completa. Mas isto era a proverbial calmaria antes da tempestade.

Acho que ninguém imaginava o calvário que viria. A partir de seus vinte e cinco anos, o câncer iniciou um verdadeiro assalto ao seu corpo. A primeira investida da doença (ou segunda, se considerado o olho na infância) foi na musculatura da coxa. Câncer extirpado, quimioterapia, fisioterapia. Sorriso. Em seguida, o pulmão. Câncer extirpado, corpo retalhado, quimioterapia, fisioterapia. Sorriso. Depois, o mediastino. Este não pôde ser extirpado, mas seguiu a mesma rotina de sofrimento já descrita. Sorriso. Foram sete anos lutando, sofrendo, sendo submetida a uma enormidade de intervenções, cirurgias e tratamentos. Fosse eu, certamente não teria agüentado. Mas, tratando-se do espírito iluminado e luminoso que era a Gabi, havia nela uma força incomum e uma calma que, para nós que assistíamos de camarote, chegava a ser desconcertante.

Há pouco mais de uma semana, eu estive na casa da Gabi para vê-la. Não a via há uns seis meses antes disso e, ao entrar em seu quarto e dar de cara com ela na cama, imagino que minha expressão delatou meu susto. O câncer e os conseqüentes tratamentos, ambos cruéis, tinham deixado marcas. Ela estava muito magra e abatida, tinha a voz um pouco mais baixa e dificultada pelo desconforto no peito, mas incrivelmente, permanecia em sua impávida serenidade. Via-se a tristeza em seus olhos, é claro, por estar enfrentando pela enésima vez tamanho desafio e sofrimento, mas aquele sorriso, como de praxe, transbordava.

Em certo momento, cheguei a brincar com ela. Mandei que tirasse aquele sorriso da cara, dizendo que não era justo ou normal que, diante daquilo tudo, diante dos rostos piedosos e consternados que ela encontrava, ela ainda o mantivesse. Obviamente, minha intenção era o exato oposto: mostrá-la o quanto a admirava por sua tenacidade, por sua graça perante tamanha desgraça, por sua força e fé, por sua capacidade de superar, diariamente, este estorvo. Era também minha maneira de agradecê-la por tudo isso. Afinal, ela, sozinha, colocava o resto em perspectiva para mim e para todos que a conheciam. Por tudo isso, eu a chamava de minha "fortaleza".

Emendei dizendo a ela que jamais se desfizesse dele, pois era sua marca registrada e era, acima de tudo, nossa viga mestra.

Conversamos bastante, discutimos nossos respectivos futuros (Gabriella era formada em desenho industrial e era simplesmente brilhante em sua profissão), fizemos planos de reunir os primos assim que ela estivesse melhor. Logo, resolvi me retirar para deixá-la descansar. Dei-lhe um beijo no rosto e me despedi, parando por um momento para apreciar aquele belo e radiante sorriso.

Foi a última vez que o vi.

Hoje, aquele sorriso tem outros donos. Não mais pertence àquele corpo que tanto fez para extinguí-lo. Pertence a outra dimensão, mais pura e digna dele. E pertence, em memória, a mim e a todos que o conheceram.




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Gabi,

Foi um dos grandes privilégios de minha vida poder tê-la como prima e, principalmente, como fonte de inspiração. Obrigado por me mostrar a dimensão do espírito humano e por colocar a vida, com todas suas alegrias e tristezas, em perspectiva. Você foi, é, e será sempre nossa luz.

Um beijo do primo, com toda a admiração, toda a gratidão, e todo o carinho do mundo.

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Hello?

Hello and thank you for calling The State Mental Hospital. Please select from the following options menu:

If you are obsessive-compulsive, press 1 repeatedly.

If you are co-dependent, please ask someone to press 2 for you.

If you have multiple personalities, press 3, 4, 5 and 6.

If you are paranoid, we know who you are and what you want, stay on the line so we can trace your call.

If you are delusional, press 7 and your call will be forwarded to the Mother Ship.

If you are schizophrenic, listen carefully and a little voice will tell you which number to press.

If you are manic-depressive, it doesn't matter which number you press, nothing will make you happy anyway.

If you are dyslexic, press 9696969696969696.

If you are bipolar, please leave a message after the beep or before the beep or after the beep. Please wait for the beep.

If you have short-term memory loss, press 9. If you have short-term memory loss, press 9. If you have short-term memory loss, press 9.

f you have low self-esteem, please hang up our operators are too busy to talk with you.

If you are menopausal, put the gun down, hang up, turn on the fan, lie down and cry. You won't be crazy forever.

If you are blonde, don't press any buttons, you'll just mess it up.

Goodbye.