quarta-feira, setembro 10, 2008

Cigarras

Todo santo dia, vovó Lucilla despencava do Jardim Botânico a São Conrado para cuidar do netinho enquanto meus pais trabalhavam, chegando sempre com um chocolate na bolsa para esticar ainda mais o sorriso deste menino, e por tabela, o dela também.

Era uma tarde inteira de brincadeiras, de histórias, de passeios, de piadas (aliás, ela tinha o dom de me fazer rir). Se tivesse que rolar no chão comigo, aquela senhora, sessenta anos mais velha que eu, sequer pestanejava. Jogar futebol com o neto? Corria atrás da bola quase tanto quanto eu! Tocava piano maravilhosamente bem e tinha toda a paciência do mundo quando eu insistia que ela me colocasse no seu colo para tocarmos o “bife”, duzentas vezes seguidas, terminando todas de forma acelerada e às gargalhadas.

Era uma relação que só posso descrever como “simbiótica”. Acho que nós éramos a alegria um do outro.

Hoje faz 21 anos que vovó Lucilla se foi.

Pois é... São tantas as lembranças. Mas de todas essas contidas neste meu arquivo feliz, uma bastante curiosa sobressai.

Nas tardes de verão, sentávamos na varanda da casa dela, em frente ao Parque Lage, para escutar as cigarras sibilando. Jamais me esqueci disso.

Cigarras...

Obrigado, vovó Lucilla. Que saudade de você.

3 comentários:

Michael disse...

Translation please?

Anônimo disse...

Que vontade senti de conhece-la...

Renata Rollin disse...

Nossa que legal esse post!! Na casa da minha avó tb tinham muitas cigarras! Impressionante como elas cantavam alto no verão! Eu tb tinha uma relação assim com minha avó... Saudade master dela!!! Adorava ficar na casa dela e tenho tantas lembranças de lá que estou até escrevendo um livro sabia? Muito legal! Bjks!